segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A busca por uma vida mais organizada – Parte II – Do que eu quero fazer e não consigo, apesar do que já fiz

Este texto tem quatro partes. Esta é a segunda. Aqui estão as partes I, III e IV.


Quero que meu filho tenha tempo de brincar no pátio (ou jardim? quintal?) e quero acompanhá-lo quando possível. Quero em alguns dias poder visitar amigos ou ir à natação e chegar em casa sem pressa. Quero arrumar a janta cedo, quero ter tempo de falar sobre como foi o dia na escola, quero faz
er o tema-de-casa com ele (geralmente é um livro pra ler e discutir), quero que ele possa tomar banho e se vestir com calma, sentar à mesa juntos, e não que ele precise jantar sozinho enquanto eu arrumo algo. Quero poder ler uma história na hora de dormir e discutir com calma sobre o livro ou sobre qualquer outra coisa, sem precisar falar "nós já lemos, agora fica quieto pra dormir". E quero tudo isso de uma forma que ele vá pra cama cedo (tipo 20h), pra no outro dia acordar descansado às 7h pra começar tudo outra vez sem pressa.


 

E uma vez que ele durma, quero fazer algo produtivo pra mim. Escrever para o blog (deixo às moscas), ler um livro, artigos, escrever projetos, aprender sobre coisas novas. Trocar e-mails e mensagens com amigos. Ver um filme. E quero também dormir cedo pra não acordar moída no outro dia. E eu não consigo!!!!!

Morro de inveja (invejinha boa) das pessoas que são organizadas por natureza. Como conseguem conviver com seus filhos, aproveitar os seus  filhos (sem gritaria por causa de horários, com atividades diversas como eu descrevi), arrumar a casa e a comida, comer, tomar banho, etc... e colocar o filho na cama às 20h?? Como essas pessoas maravilhosas e ocupadíssimas cujos blogs eu leio têm tempo pra blogar? Sejam elas mães em tempo integral, trabalhadoras em tempo integral (sem filhos) ou daquelas que fazem malabarismo pra cuidar das duas coisas?


Sério, eu fico admirada com quem consegue atualizar o blog, sei lá, 2 ou 3x por semana. Há quem diga que essas pessoas na verdade "posam" de boas mães ou seja o que for, mas na verdade ficam só na internet e escrevem sobre cuidar dos filhos, mas na prática é outra coisa... por um lado, sempre é possível, afinal dá pra escrever qualquer coisa, inclusive ficção, não é? Mas por outro lado é insignificante o que a pessoa faz na "vida real". O que importa é que a vida de todo mundo é ocupada. Mesmo que a pessoa tenha ajuda com as tarefas domésticas e os filhos, horas de trabalho flexíveis... sempre há mil coisas pra fazer. O que invejo não é o tempo livre, mas a organização, disposição, o quanto essas pessoas são regradas, sistemáticas, persistentes e consistentes.
Não é que eu não vá conseguir. Acontece que me exige um esforço descomunal. E falta um tiquinho de motivação e de "obrigação".
Afinal, poxa vida, tive um bebê no meio da faculdade, não tranquei e não deixei uma única cadeira (disciplina) pra trás, tirando apenas a "licença" que permite que não seja avaliada a frequência (saudades, trema!) às aulas. No semestre em que ele era recém-nascido, eu fiz 8 disciplinas, com provas, trabalhos, aulas práticas em algumas. Tudo isso amamentando exclusivamente (fora as dificuldades iniciais), o que só quem já passou sabe o trabalho que pode dar, para uma mãe de primeira viagem. Com todas as cólicas, picos de crescimento, necessidades de um bebê pequeno. Estudos, leituras e trabalhos a cada momento que ele dormia. E os dois anos seguintes, quando voltei à faculdade em tempo integral não foram menos "corridos". Eram sempre por volta de 7 disciplinas por semestre, manhã e tarde (e trabalhos, etc à noite), ou estágios e trabalho de conclusão. Com tudo isso, eu voltava em casa no horário de almoço pra amamentar (sim, até ele ter mais ou menos 2 anos de idade) e quando eu chegava em casa à noite era apenas mãe, até ele dormir. Não resta a menor dúvida de que minha vida era imensamente facilitada pelo fato de morar com outras pessoas e não ter tantas obrigações com a casa. Mesmo assim, o que quero dizer é que eu sei que dou conta de mil tarefas, porque já fiz. Acontece que, sem a famosa "pressão" eu não consigo render. As horas voam e eu não fiz nada do que queria (em parte graças a tempo perdido na internet, quem nunca, né?).

Não falei? Sou mesmo como diz minha mãe, explicações mil pra não chegar em lugar algum. Quanto já escrevi (esse é o fim do segundo post, aqui está o primeiro), contando a vida toda, sem em nenhum momento dizer a que vim? Bom, quem me conhece de grupos virtuais sabe que eu simplesmente não sei escrever meia-dúzia de palavras. Posso passar tempos sem escrever, mas quando começo, pode saber que vem um "livro". Enfim, cheguei à conclusão que o problema não é trabalhar ou não, filho na escola ou não. O problema sou eu. É assim que me sinto, preguiçosa, culpada, sem força-de-vontade, procrastinadora. É uma luta diária.

Agora, de férias, tento levantar cedo, tento ficar menos tempo no computador, tento sair de casa, tento cozinhar nas horas certas, brincar mais com meu filho e ajudá-lo a ter uma rotina estável. Consigo algumas coisas, outras não. Me culpo por não tentar o suficiente, prometo mudar, me esforçar mais. No outro dia tudo de novo. Me sinto fracassada e culpada nos dias ruins, mas nos dias "melhores" eu não me sinto vitoriosa e orgulhosa, sempre me sinto devendo. Ao mesmo tempo tento me lembrar que ninguém é perfeito, claro, não busco a perfeição. Mas sinto como se faltasse muito pra ser satisfatório o que faço. Quero ser uma mãe melhor, estar mais presente de "corpo e alma" para meu filho, e ao mesmo tempo não me deixar pra trás, conseguir tocar meus próprios projetos e não viver numa casa imunda.

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